quinta-feira, 4 de julho de 2013

Portugal ainda existe?

Texto: Portugal ainda existe? Estilo: garotada Atores: 2 Cena: Barbearia em Lisboa
Sinopse: A canseira política dos políticos ou a nobilíssima arte da trafulhice política
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                                     Ato Único
Paulinho das Feiras:- Esta vida de político está a dar cabo de mim...
Zé Barbeiro:- ...para que lado quer pentear o cabelo da peruca?
Paulinho das Feiras:- Este calor retira-me capacidades...  esta inesperada indecisão...
Zé Barbeiro:- ...e prefere fixador no cabelo ou brilhantina?
Paulinho das Feiras:- ... lol, este calor... era mais um fino com tremoços e camarão...
Zé Barbeiro:- Asseguro-lhe que precisa de cuidar do implante do cabelo...
Paulinho das Feiras:- ... mas em praias portuguesas não... acho que não, corro o risco de ver a Caparica ser comprada por engraçados chinocas ou morenaços angolanos ( os boys da troika, ui, há para todos os gostos) e ver o meu passaporte inutilizado.
Zé Barbeiro:- Noto também que a testa está muito branca, a madeixa cai muito para a frente...
Paulinho das Feiras:- Ipanema ... não, há muita bunda a passar na frente dos olhos...Talvez as ilhas Fidji...
Zé Barbeiro:- Posso aparar as sobrancelhas?
Paulinho das Feiras:- Decididamente não sei que fazer. A política cansa-me...
Zé Barbeiro:- Não sei se deva contar...
Paulinho das Feiras:- Estou curioso, conte, conte...
Zé Barbeiro:- O Gasparzinho já esteve cá...
Paulinho das Feiras:- Sim?... Conte, conte...
Zé Barbeiro:- Estava feliz, muito feliz. Até estava sorridente.
Paulinho das Feiras:- Coisa estranha, não lhe parece? Hum...
Zé Barbeiro:- Mas há mais. Não sei se deva...
Paulinho das Feiras:- Conte tudo, conte tudo, por isso é que é o meu barbeiro preferido.
Zé Barbeiro:- O tal cliente especial esteve cá  para pentear a madeixa, sabe quem é, pois sabe?
Paulinho das Feiras:- Sim, sim, não se menciona nomes que é feio, ainda p´ra mais quando se trata de gente que se esconde em luras de coelh... ai que se me escapou!
Zé Barbeiro:- Pois se um chegou sorridente, este não parou de assobiar.
Paulinho das Feiras:- Eu sabia, eu sabia que a açorda estava a ser cozinhada.
Zé Barbeiro:- Será? Mas ainda era cedo para o almoço...
Paulinho das Feiras:- Sabe o que quero dizer... Ainda não tinha desembarcado do México  e já tinha um SMS a sugerir viagem à Bolívia, devido aquele caso com o avião do presidente, com escala no jardim zoológico para ver ursos...
Zé Barbeiro:- Bem, estou quase a concordar que a política é cansativa..
Paulinho das Feiras:- Ai é, é...só  um momento que tenho o telemóvel a dar sinal... ah! é um SMS... deixe cá ver... é do tal cliente especial... hum, hum, hum...
Zé Barbeiro:- E então? Alguma coisa gira?
Paulinho das Feiras:- Pode crer que sim. Diz aqui:- Gasparzinho disse adeus viajou. Luisinha ocupou  lugar.
Zé Barbeiro:- Em linguagem política quer dizer...
Paulinho das Feiras:- É isso tudo. Também não lhe fico atrás... Empreste-me um lápis e já agora um papel desses que usa para limpar a navalha da barba. Isso. Obrigado. Peço-lhe um favor, não se importa de entregar esta missiva na portaria do palácio do governo? É a minha demissão!
Zé Barbeiro:- Mas... mas... mas... estou varado com o modo de proceder desta gente importante e que se vangloriam por serem ministros do meu país... Não há uma caganeira que os limpe! Portugal ainda existe?


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